FRAGMENTOS DE CRIAÇÕES CONSTANTES

Partículas, nódulos, mimos, entranhas, vísceras, momentos, ideias, insights e infinitos pontos de luz que rondam essa mente criativa conturbada por constantes fragmentos de inspirações.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Janela Indiscreta: Terceira vítima: Casa de Vidro.



Hoje resolvi não dar verdades ao que vejo. E sim, debulhar em tristeza, decepção e indignação por situações em que somos postos a teste. Cubos de vidros intermináveis.
A vida nos prega peças indiscretas demais. Saias muito justas. Onde a indignação pelos problemas mundanos é tão absurda que me deixa absorto.

Me deparo com mãos atadas ao querer ajudar uma família. Minha família. Não a de sangue, mas a que a escolhemos.

Me vi do lado de fora de uma casa de escuro vidro blindado, onde minha família estava presa em seu interior e eu apenas podia os ouvir agonizar em pedidos. No máximo podia bater fortemente contra o grosso vidro, machucando-me cada vez mais sem causar uma única fresta para escape.

A repulsa se deu no por quê desse sofrimento.
A tristeza se deu na dor da decepção em ver-me atado.
A agonia se deu junto as lágrimas que embaçavam os vidros de minha visão, de minha lucidez.
O medo se deu por sentir-me inútil ao ver meus amados sofrerem e o máximo que eu tinha eram meus dedos entrelaçados suplicando firmemente à alguma energia ilusória que nos enviasse uma resolução para quebrar o vidro. Quebrar o feitiço.

Pois cobiça e inveja são feitiços, não pecados. São maldições que cegam humanos fracos.

Confesso que ainda não pedi à ninguém uma marreta, pois posso querer acertar o feiticeiro ao invés do vidro. Mas sei que o fraco feiticeiro tem teto de vidro, e uma hora vai chover granizo. A natureza sempre encarrega-se de fazer seus acertos.
Enquanto isso, fico aqui, gritando ao vidro, tentando me fazer ouvidos, apertando meus dedos contra os botões do teclado tentando sangrá-los exteriorizando essa dor.

-Terça, vinte e oito de Julho de dois mil e nove.

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