FRAGMENTOS DE CRIAÇÕES CONSTANTES

Partículas, nódulos, mimos, entranhas, vísceras, momentos, ideias, insights e infinitos pontos de luz que rondam essa mente criativa conturbada por constantes fragmentos de inspirações.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Síndrome da Frigideira


Primeiro imaginemos uma frigideira dos anos 60, colorida, de ferro, retrô.
Agora vamos imaginar que ela foi jogada ao léu, guardada dentro do armário de sua vó. Ela é boa, duravel e já tinha uma boa tecnologia de antiaderência.

E esses dias você a achou, ela tem uma cara de moderna por ser retrô, já que o retrô tá em alta. A comida é boa, o omelete é o melhor, afinal panela velha é qeue faz comida boa. Tem essa carga histórica, madura, estilosa, cheia de informação.

Mas aí vem a parte ruim. Como todas as frigideiras, ela não tem tampa.
É. Hoje é difícil ser uma dessas frigideiras.

Síndrome do Sapatinho de Cristal



Hoje a famosa síndrome de Cinderella tem uma companhia agradável. A Síndrome de Sapatinho de Cristal, Camisinha.

Você está em casa, a toa, numa boa, te dá vontade de ''dançar''. Você arranja um desconhecido, talvez bonito, talvez o príncipe daquela noite. Quando menos espera você já está com o Sapatinho de Cristal e dança a noite toda.

No final das contas você larga ela na beirada de alguma escadaria porque reparou que seu príncipe era sapo e sua carruagem, abóbora.

domingo, 3 de maio de 2009

Janela Indiscreta: Segunda Vítima: The Rock Night With You.

Hoje senti a necessidade de escrever sobre a visão de fora da minha vítima. Vendo-me. Idealizando uma nova verdade para mim.
Chego, entro, acendo meu cigarro, ligo minha boa música. Quando me vejo estou rodeado de muita água. Como num grande lago. Com o sol brilhando no céu que se transformou em meu teto. Com os pés submersos pude ter a nítida sensação de “-O que está acontecendo?”.

Madonna não me deixa mentir o estado em que eu me encontrei, e vivenciava. Praticamente olhando de fora a tal cena. Tive um surto, e resolvi puxar toda essa água que me inundava, com um único rodo pequeno e uma boa dose de paciência. Assim começa à tarde. Após brigar muito com todas aquelas ondas que iam se formando ao meu redor, e gladiar com todos os panos de chão e o suor nas têmporas. Pude ver claramente ainda o brilho do sol num novo chão limpo. Bom dia São Paulo.

Toma-se uma ducha, e me vejo completamente limpo. Puro. Foi uma batalha travada, que não pararia aí. Hoje ainda tinha mais compromissos, pois pra nós a noite é sempre a mais produtiva parte do dia. Ao entardecer os afazeres já começam a acontecer.
Visitas, horários, ligações, músicas, livros, textos, idéias.
E pra completar um leve apertão da falta de alguém. Um estalo que não aparecia há muito tempo. Esperava uma ligação acho. Ou uma visita talvez. Mas, nenhum me ocorreu. Só o interfone. Pra avisar do encanador. Engraçado não?
Mas acontece não é? Espero que sim.
Ainda pode me ocorrer uma dose corriqueira de musicais. (Tim Burton é muito bom!).
Agora podemos ver em momento extraordinário, não imaginado por mim mesmo, um desabafo e uma visão da vítima do Marcelo.
Mas acho que ela reluzia tanto que sentia a necessidade de uma espiadinha.

Vou encostar a cortina, acender meu Marlboro e voltar a uma dose extra de Musicais para um bom sono.

Com uma ligação surpresa, acompanhada de um “Eu te Amo” de um super amigo, que lembrou de mim ao ouvir uma música que amo, ao tocar na A Lôca.

-Quinta, dezoito de Abril, de dois mil e oito.

Janela Indiscreta: Primeira noite. Primeira vítima.

Na primeira olhada ao outro lado da rua, vejo uma grande vítima, siamesas. Abertas, com as luzes acesas, como foi fácil ver no seu interior um rapaz bem apetitoso. Passando de um cômodo pro outro, inquieto, acende um cigarro. Faço o mesmo. Ele mexe num monitor de computador que está virado pra mim, abre um sorriso, continua a fumar, indaga algo sozinho, fala, gesticula, brinca, apaga o cigarro, logo ele some. Ao retornar, ele me aparece vestido em pós-banho. Na vítima da direita ele se olha no espelho, e veste uma camiseta azul claro, é só o que consigo ver, imagino que esteja de jeans. Ele volta pro cômodo da vítima da esquerda, mexe no computador, e o desliga. Fecha o vidro da vítima com um sorriso no rosto, ainda parado nela ele ajeita o cabelo, aparentemente pelo reflexo. Apaga a luz, e volta para a vítima que restou.

A Rua Augusta é sempre muito movimentada, trinta e duas horas por dia, como o seu banco. Nisso ouve-se sirenes, conversas, buzinas. Já passam das nove da noite, o asfalto molhado reflete as luzes dos bares, dos carros, das pessoas, e me mostra as vezes o que as pessoas realmente estão afim naquele momento.
Como uma moça que me passou rápidamente atravessando a rua e entrando numa porta entre alguns estabelecimentos, achei curioso, mas quando vejo outra vítima acima se acendendo, enxergo que tudo foi um sub-texto da moça pensando em que ela perdeu o começo da novela.

Logo me reaparece o rapaz das vítimas siamesas, na calçada do prédio, esperando algo. Acertei no jeans. Me pergunto o que será que foi combinado pela internet. Ali na calçada dele? Ou ele vai pegar um táxi? Amigos? Família? Estômago vazio? Ou apenas saciar um dos seus prazeres? Exibir a algum indivíduo suas vontades? Compartilha-las? Ou saciar as do outro? Bom, não sei ao certo, vou acender mais um cigarro, e deixar a lei de Murphy agir sozinha. Temos oito minutos conforme a regra para que seja um ônibus, bom vou dar ao rapaz uns dez. Já que sempre conversaremos sob a Lei de Murphy, a chamarei mais intimamente: Lady Murphy.
Antes de dar meu terceiro trago, eis que encosta um carro, preto com vidros claros, abertos, ao entrar, avisto que é um outro rapaz que está no volante, com a luz acesa dentro do veículo ainda vejo que se cumprimentam, um beijo quente acontece enquanto as luzes se apagam no veículo. Logo eles saem, entendo que é um casal. Mas será um -casal de longa data? Ou um casal que aconteceu ali no computador? Um “fast-casal”?

Aqui em São Paulo, temos tudo delivery, tudo a pronta entrega, tudo online, tudo expresso. Felizmente ou infelizmente, até uma boa dose de prazer você consegue sem ter de pagar nada por isso, apenas achando um parceiro que preencha seu perfil. E em São Paulo, isso é fácil, pois a diversidade de idéias, ideais, sensos e vontades é muito grande. Sempre tendo a solução para o que você precisa, na hora em que você precisa. Algumas coisas se banalizam assim, se perdem assim. Ou não! Tem gente que acha exatamente o que precisa e se dá bem. Achando o “ideal match” para aquele momento.

Como eu necessitava ocupar minha cabeça, estou ouvindo minha boa Madonna, com meu bom cigarro, saciando meu desejo de escrever algo, e eu só precisei olhar pela janela e encontrar o que precisava. Assim. Expresso. Quase delivery.

- Quinta, dez de Abril, de dois mil e oito.

JANELA INDISCRETA



São Paulo.
Uma cidade cheia de tudo. Cheia de todos. E todos cheios. Fartos.

Horários, horas, reuniões, momentos, medos, noites, dias, prazeres, pudores, intimidades, individualidades, luzes, sombras, desejos, gulas, pecados, sonhos e desistências.

Pessoas sempre desistem, mudam, entram e saem de São Paulo como quem paga uma estadia.

“ –Um quarto por favor!?”
“ –Pra quanto tempo!?”
“ –Dois anos!”


Parece engraçado, mas nem sempre é assim. Porém assim é São Paulo.
Hoje e dentre alguns momentos de outros dias, acenderei um incenso, meu Marlboro, depois do meu bom fumo, e lhe confessarei sobre algumas janelas que tenho acesso pela vista da minha. O que eu chamarei de Janela Indiscreta. Por onde eu verei todo o caos dentre as pessoas que vivem aqui. Nesse formigueiro de pensamentos transeuntes. De manias de tráfegos. De necessidade de tráfico. Olharei sempre da minha janela, as outras abertas, noturnas ou diurnas. O que me interessa, e me aguça a curiosidade é o que você faz quando ninguém te vê fazendo. Como não posso te ouvir do outro lado do vidro, imagino.

Dando à você, a minha verdade, baseada em teus atos.